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15 janeiro, 2010

Império Hitita - Arqueologia



Em 1830, Charles Felix Marie Texier, francês, arqueólogo por paixão, preparou uma viagem que o conduziu ao coração da antiga região da Anatólia (do grego: levante do sol).

Após sua chegada ao território da atual Turquia, em 28 de julho de 1834, dirigiu sua caravana em direção ao norte.

Um dia, após um passeio solitário, achou umas ruínas não longe da pequena vila de Boghas-Keui ou Boghazköy. Eram os vestígios de uma muralha que se estendia por vários quilômetros.

Mais tarde, descobriu dois portões monumentais, um deles emoldurado por um baixo-relevo representando uma silhueta humana, e o outro lado do portão estava ornamentado de leões esculpidos sobre a pedra.



Porta dos Leões em Hattusa, a capital dos Hititas (Boğazköy, Turquia)


Em 1839, Charles Felix Marie Texier publicou em Paris os resultados da sua viagem numa obra monumental contendo vários volumes e sob o título Description de l´Asie Mineure.

Em 1840, o arqueólogo inglês William Hamilton descobre em Boghazköy um novo campo de ruínas.

Em 1862, o sábio francês George Perrot encontrou um grande número de monumentos e uma rocha, conhecida com o nome de Nisantepe.



   A rocha Nisantepe ( com hieróglifos hititas )


George Perrot descreveu as ruínas de Boghazköy na sua obra Histoire de l´art dans l´antiquité.

A identificação das ruínas só veio algumas décadas após seu primeiro descobrimento.

Em 1879, A. Henry Sayce, arqueólogo inglês, publicou um artigo com o título Os hititas na Ásia Menor.

E em 1880, ele afirmou com base em suas pesquisas de campo e nas passagens do Antigo Testamento, que os heteus do Antigo Testamento era o mesmo povo que havia deixado diversos rastros na região da Ásia Menor.

Ele pronunciou um discurso diante da Sociedade de Arqueologia Bíblica, no qual fundamentou a história do império hitita.

A afirmação de A. Henry Sayce foi recebida pela comunidade acadêmica com descrédito, e chamaram A. Henry Sayce de "o inventor dos hititas".

Certamente não mereceu, pois dois anos antes, William Wright havia publicado na British and Foreign Evangelical Review um artigo no qual atribuiu aos hititas as recentes ruínas descobertas na Ásia Menor.

O grande questionamento foi: Como um livro religioso poderia conter dados históricos confiáveis?

Assim, a história do império hitita permaneceu ignorada por vários anos, como um vácuo, dentro do cenário da história antiga.

As únicas referências aos heteus se encontravam na Bíblia, que fora escrita por israelitas.

Na Bíblia o povo hitita aparece com o denominativo de "hittim", vocábulo semita que ao ser traduzido para o alemão, adquiriu a forma "hethiter"; no inglês "hittites"; no francês, "hetheen"; e nas línguas latinas "hititas".

Encontramos registrado no livro de 2 Reis 7:6 - “Porque o Senhor fizera ouvir no arraial dos sírios ruído de carros e ruído de cavalos, como o ruído de um grande exército; de maneira que disseram uns aos outros: Eis que o rei de Israel alugou contra nós os reis dos heteus e os reis dos egípcios, para virem contra nós”.

Para os acadêmicos a informação bíblica parecia frágil demais, mesmo relacionando os três impérios, sendo que o grande exército imaginado pelos sírios, era formado por heteus e egípcios.

A. Henry Sayce com inesgotável esforço, se dedicou ao estudo das inscrições de Boghazköy. Ele pretendia descobrir certas particularidades da grafia de caracteres hieroglíficos.

Foi também em 1880 que os anais assírios foram traduzidos, fornecendo indícios sobre o império hitita, embora não permitindo conclusões definitivas. Esses anais faziam perguntas e alusões aos "pais de Hatti" ou "Chati".

A confirmação da teoria de A. Henry Sayce veio por meio dos esforços de um arqueólogo alemão, Hugo Winckler (1863-1913), cujas escavações em Boghazköy, trouxeram à luz cerca de 10.000 tabletes em escrita cuneiforme, pertencentes aos arquivos dos reis de Hatti.


























Sítio arqueológico em Hattusa



Em 1884, William Wright publicou um livro sob o título The empire of the hittites with the decipherment of hittite inscriptions by prof. A. H. Sayce, o qual desencadeia uma violenta polêmica acadêmica entre os adversários e partidários da existência do império hitita.

A despeito da luta verbal, e graças à forte argumentação exposta por William Wright, não é mais possível manter silêncio sobre a história do povo hitita.

As descobertas em 1887 das cartas de Tell el-Amarna, no Egito, permitiram um suporte maior à tese da história dos hititas.

Em 1892, Flinders Petrie iniciou a tradução das referidas cartas, entre as quais encontravam-se duas de governadores hititas, dirigidas ao faraó do Egito. A mais importante é a enviada pelo rei hitita Supiluliumas, parabenizando ao faraó Akhenaten pela sua ascensão ao trono.

Outros textos egípcios relatam lutas contínuas com os habitantes de "Hatta", que é o vocábulo hieroglífico usado para identificar os hititas.

Na atualidade, a quantidade de informações arqueológicas sobre o império hitita é tal, que parece estar preenchido o vácuo deixado pelo silêncio dos historiadores do passado, embora a Bíblia tenha sido o único documento a fazer essa referência.

As primeiras informações mais claras sobre a história Hitita somente foram disponibilizadas por volta da primeira década do século XX e a decifração dos seus hieróglifos ocorreu por volta de 1946.

Após a morte prematura de Hugo Winckler, em 1913, a Sociedade Germânica Oriental confiou a publicação dos arquivos hititas a um grupo de assiriologistas (estudo arqueológico, histórico e linguístico da antiga Mesopotâmia e das culturas relacionadas a este território e que se utilizavam da escrita cuneiforme). 

Um deles, o Prof. Bedrich Hrozný, foi o autor da primeira gramática hitita, e estabeleceu o caráter indo-europeu da estrutura da língua.

Coube também a ele traduzir e publicar as duas coletâneas de Leis hititas, que tantos esclarecimentos trouxeram sobre a cultura desse povo.

Assim a existência dos heteus descritos na Bíblia foi confirmada cientificamente como verdadeira e indiscutível.



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