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29 março, 2010

Império Hitita - Batalha de Kadesh

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Após serem derrotados na Batalha de Megido, no vale do rio Orontes, os hititas recuaram em seu propósito de tirar os egípcios da Fenícia e da Palestina.

Por sua vez, o faraó Set I não estava interessado em prolongar o conflito, e o resultado foi um tratado de paz entre os dois impérios, que vigorou por cerca de quinze anos.

Quem viria a romper esse tratado seria seu filho, Ramsés II.

Ramsés II buscava glória, e foi tentar conquistá-la no confronto com os hititas. Ele se lançou numa incursão militar, que quase lhe custou a vida.

Diante da crescente ascensão política hitita, e conseqüente expansão para o sul, Ramsés II, no quarto ano de seu reinado, foi à Fenícia, e fixou marcos nos limites de seu império.

Ao fazer isto, avançou deliberadamente sobre as terras que Tutmés III conquistara na Batalha de Megido, mas que, mais tarde, foram reconquistadas pelos hititas.

Esta provocação não ficou sem uma reação.

A guerra entre os dois impérios começou, no ano seguinte, com o avanço de um numeroso exército egípcio, liderado pelo próprio faraó, sobre o vale do rio Orontes.

Para deter a investida dos egípcios, o rei hitita, Muwatallis II, mobilizou seu exército e convocou seus aliados de Dardena, Luca e de outras cidades vassalas.

O exército hitita era de aproximadamente 37.000 homens e 3.500 bigas ( carros de guerra, cada uma com 3 homens ).


Biga hitita

O lugar do acampamento foi próximo à fortaleza de Kadesh.

Muwatallis II tinha o propósito de bloquear o progresso dos egípcios sobre o rio Orontes.

Ramsés II contava com mercenários de Shardina, tropas do Sudão, além do próprio exército egípcio. Era aproximadamente um montante de 20.000 homens.

Ele agrupou seu exército em quatro divisões, cada uma sob a bandeira de um deus egípcio: Amon, Ra, Ptah e Set.

Em termos quantitativos, as forças egípcias eram inferiores às do inimigo, porém possuiam maior mobilidade e disciplina tática.

Vindo da Fenícia, Ramsés II penetrou no vale do rio Orontes, marchando rio abaixo.

Durante a preparação da batalha alguns soldados hititas foram capturados, e ao serem torturados acabaram revelando que o exército hitita estava perto de Aleppo, 160 km de onde Ramsés II e sua unidade estavam acampados.

Só que eles eram espiões, e deram uma informação errada, na verdade o exército hitita estava à apenas 4 km dali.

Ramsés II enviou um conselheiro de guerra e o vizir para o sul, para verificar o progresso da divisão de Ptah a mais recuada.

Eles tinham que fazer com que as outras unidades se apresassem o mais rápido possível.

Iludido pelo relato dos prisioneiros, Ramsés II seguiu rumo à fortaleza de Kadesh, que deveria estar vazia.

Ramsés II comandou a divisão de Amon para o ataque surpresa.

Imprudentemente, avançou acompanhado por sua guarda pessoal e seguido de perto pela divisão de Rá, enquanto o grosso do exército egípcio, mais lento, ficava para trás.

Próximo à Kadesh, Ramsés II se deu conta de que caíra em uma armadilha.

O exército hitita estava escondido próximo à Kadesh.

Enquanto a divisão de Amon se preparava para a batalha cerca de 2.500 bigas hittitas atacaram a divisão de Rá que se encontrava isolada mais ao sul do acampamento.

Para fugir ao cerco, a divisão de Rá fugiu em direção ao acampamento, onde a divisão de Amon estava.

As bigas egípcias, mais leves e manobráveis ( compostas por 2 homens) , iam à frente e as bigas hititas atrás.


 
Organização da Batalha ( clique na imagem para ampliar )


Mas os hititas, acreditando na vitória, perseguiram e dizimaram a divisão Rá, e tomaram o acampamento do faraó.

As outras duas divisões egípcias, Ptah e Seth, ainda estavam distantes e não puderam socorrer.

Cada divisão egípcia estava separada uma da outra cerca de 10,5 km.

Cercado, Ramsés II teve que lutar pela própria vida, abrindo caminho à força, com 65 bigas de sua guarda pessoal , através da massa mais de 2000 carros hititas, para juntar-se à divisão Ptah, que corria em seu socorro.

É bem verdade que Ramsés II e os que estavam ao seu lado realizaram um prodígio de valor, lutando admiravelmente.

Pode-se dizer que foi a coragem e o destemor deles, ao se lançarem contra o inimigo, muito mais numeroso, que acabou revertendo o resultado dessa batalha, que poderia ter se tornado um dos maiores desastres militares da história do Egito.

Os hititas dispersaram a divisão de Amon, mas ao invés de dizimá-la não resistiram à tamanha quantidade de ouro ali no acampamento, e começaram a saquear.

Os soldados inimigos do Egito lutavam sem pagamento, para cumprir uma obrigação feudal ou para se tornarem ricos com os espólios de guerra.

Ou seja, o único pagamento que receberiam estava no saque. Este sempre foi o maior incentivo para se lutar.

Com os olhos cegos pela ganância, os saqueadores deixaram escapar o maior de todos os prêmios: capturar ou matar Ramsés II, sua família, e os nobres do elevado escalão do Egito.

Foi a chance que os “deuses” deram a Ramsés II.

Enquanto a batalha acontecia Ramsés II conseguiu reagrupar seus arqueiros, fora do acampamento e revidou o ataque.

Os hititas, desesperados, fugiram, agora com Ramsés II em seu encalço.

Uma força hitita composta de 1.000 bigas, lideradas pelos reis de Aleppo e de Karkhemish, mais dois irmãos do rei Muwatallis II e muitos príncipes aliados, cruzaram o rio atacaram o acampamento.

Foi nesse instante que surgiu o Ne'arin.

É provável que os hittitas não soubessem sobre o Ne'arin.

Este termo significa "homens novos", uma unidade de elite guerreira leal à Ramsés II.

Esta força tinha sido requisitada provavelmente para se juntar ao corpo principal do exército egípcio com a finalidade de aproximar-se de Kadesh pelo oeste.

Com esta tropa, Ramsés II conseguiu vencer deixando muitos inimigos abatidos no campo de batalha.

Os sobreviventes ilesos tiveram que nadar para escapar.

As forças hittitas foram expulsas em direção ao rio Orontes.

Nessa saída desgovernada muitos nobres entre milhares de soldados acabaram se afogando.

Nesse dia foram mortos: Kameyaza e Todal (chefes dos Tuhiru), Garbatusa, Samirtusa, Mezarima, Zauazasa (chefe dos Tuisa), além do próprio irmão do rei Sapajar.

Diante do fracasso de seu plano, Muwatallis II se retirou, com o resto de seu exército, para o norte, enquanto os egípcios, demasiadamente exaustos e com pesadas baixas, não se dispuzeram a perseguí-los.

No dia seguinte, pode ter havido alguma luta adicional, mas deve ter sido repelida por Ramsés II.

Kadesh, porém, continuou sob o domínio do povo hitita.

Ramsés II preferiu retornar ao Egito, onde ele e seus generais trataram de divulgar o resultado da batalha como uma retumbante vitória.

Muwatallis II pouco tempo depois veio a falecer, porém fez o mesmo, divulgando que a batalha havia sido ganha pelos hititas.

O subseqüente impasse entre o Egito e Hatti, em última instância, resultou no que é hoje reconhecido como um dos mais antigos tratados internacionais de paz existentes.

Este tratado foi firmado algumas décadas após a batalha de Kadesh, entre Ramsés II e seu correspondente hitita, o rei Hatusil III, que reinou de 1275 e 1250 a.C.

Cada soberano recebeu um original do tratado, em sua língua e na língua do adversário, e, em cujos respectivos textos, cada um, considerava-se vencedor.

O rei hitita Hatusil III impôs que o Grande Faraó deveria esposar uma princesa hitita, o que não foi difícil para Ramsés aceitar, bastou-lhe apenas acrescentar mais uma esposa à sua lista de rainhas.

A importância do tratado de paz firmado em Kadesh é historicamente tão grande que o saguão do edifício-sede das Nações Unidas, em Nova York, ostenta uma cópia do texto do mencionado documento.

Uma cópia do tratado foi inscrita nas paredes de um templo egípcio em Karnak onde pode ser lido hoje. Cópias duplicadas deste tratado em barro e tabletes de prata também foram achadas por arqueólogos em ambos os países.

A dramática batalha terminou sem vencedores, ambos os lados reividicaram a vitória.

A batalha é ricamente detalhada em escrituras egípcias, e a descoberta dos sítios hititas na Turquia confirmaram o trunfo hitita sobre o Egito.

Depois da Batalha de Kadesh, os hititas se envolveram em uma guerra civil que esfacelou o império.

O âmago do poderio hitita, bem como sua valentia e coragem, haviam sido deixados de lado, quando as cidades mais poderosas de seu império foram devastadas em guerras civis e abandonadas por seu próprio povo.

Eles incendiaram Hattussa e fugiram para uma região desconhecida.

Até hoje não se sabe qual foi o destino dos hititas.

Os hititas que antes nunca haviam sofrido uma derrota, tornaram-se alvo fácil sem suas capitais bélicas.

O restante do império foi devastado por indo-europeus, mais conhecidos como povos do mar.

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